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Como se assistisse à demonstração de um
espetáculo mágico, ia revendo aquele ambiente tão
característico de família, com seus pesados móveis de
vinhático ou de jacarandá, de qualidade antiga, e que
denunciavam um passado ilustre, gerações de Meneses
talvez mais singelos e mais calmos; agora, uma espécie de
desordem, de relaxamento, abastardava aquelas
qualidades primaciais. Mesmo assim era fácil perceber o
que haviam sido, esses nobres da roça, com seus cristais
que brilhavam mansamente na sombra, suas pratas semiempoeiradas
que atestavam o esplendor esvanecido, seus
marfins e suas opalinas – ah, respirava-se ali conforto, não
havia dúvida, mas era apenas uma sobrevivência de
coisas idas. Dir-se-ia, ante esse mundo que se ia
desagregando, que um mal oculto o roía, como um tumor
latente em suas entranhas.
CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2002 (adaptado).
O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio
Cardoso, acerca da vida dos Meneses, família da
aristocracia rural de Minas Gerais, apresenta não apenas a
história da decadência dessa família, mas é, ainda, a
representação literária de uma fase de desagregação
política, social e econômica do país. O recurso expressivo
que formula literariamente essa desagregação histórica é o
de descrever a casa dos Meneses como

A) ambiente de pobreza e privação, que carece de
conforto mínimo para a sobrevivência da família.
B) mundo mágico, capaz de recuperar o encantamento
perdido durante o período de decadência da
aristocracia rural mineira.
C) cena familiar, na qual o calor humano dos habitantes
da casa ocupa o primeiro plano, compensando a
frieza e austeridade dos objetos antigos.
D) símbolo de um passado ilustre que, apesar de
superado, ainda resiste à sua total dissolução graças
ao cuidado e asseio que a família dispensa à
conservação da casa.
E) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu
esplendor e sobre os quais a vida repousa como
lembrança de um passado que está em vias de
desaparecer completamente.

Resposta Correta:

E) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu
esplendor e sobre os quais a vida repousa como
lembrança de um passado que está em vias de
desaparecer completamente.

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